Sequência Didática


Texto: Aeroporto (Carlos Drummond de Andrade)

Público alvo: 8º Ano

Número de aulas: 7 aulas

Objetivos: Contribuir para que os alunos aprendam a lidar com diferentes textos.

Conteúdo: Narrativa-Gênero Crônica

Competências e habilidades envolvidasLer e interpretar textos de acordo com o tema e características estruturais do gênero e da tipologia a que pertencem.

Estratégias: 

  • Encaminhar o trabalho em busca de avanços e conquistas.
  • Fazer as inferências necessárias.
  • Situar o aluno no processo de ensino-aprendizagem.

Recursos utilizados: Dicionário; filme; vídeo; internet; questionário.

Avaliação: Verificar se os alunos adquiriram os conhecimentos visados. A avaliação é vista como um processo contínuo, explicitado nas participações dos alunos.

Aeroporto
(Carlos Drummond de Andrade)


Viajou meu amigo Pedro. Fui levá-lo ao Galeão, onde esperamos três horas o seu quadrimotor. Durante esse tempo, não faltou assunto para nos entretermos, embora não falássemos da vã e numerosa matéria atual. Sempre tivemos muito assunto, e não deixamos de explorá-la a fundo. Embora Pedro extremamente parco de palavras e, a bem dizer, não se digne pronunciar nenhuma. Quando muito, emite sílabas; o mais é conversa de gestos e expressões, pelos quais se faz entender admiravelmente. É o seu sistema.
Passou dois meses e meio em nossa casa, e foi hóspede ameno. Sorria para os moradores, com ou sem motivo plausível. Era a sua arma, não direi secreta, porque ostensiva. A vista da pessoa humana lhe dá prazer. Seu sorriso foi logo considerado sorriso especial, revelador de suas intenções para com o mundo ocidental e o oriental e em particular o nosso trecho de rua. Fornecedores, vizinhos e desconhecidos, gratificados com esse sorriso (encantador, apesar da falta de dentes), abonam a classificação.
Devo admitir que Pedro, como visitante, nos deu trabalho: tinha horários especiais, comidas especiais, roupas especiais, sabonetes especiais, criados especiais. Mas sua simples presença e seu sorriso compensariam providências e privilégios maiores. Recebia tudo com naturalidade, sabendo-se merecedor das distinções, e ninguém se lembraria de achá-lo egoísta ou inoportuno. Suas horas de sono – e lhe apraz dormir não só à noite como principalmente de dia – eram respeitadas como ritos sacros a ponto de não ousarmos erguer a voz para não acordá-lo. Acordaria sorrindo, como de costume, e não se zangaria com a gente, porém é que não nos perdoaríamos o corte de seus sonhos. Assim, por conta de Pedro, deixamos de ouvir muito concerto para violino e orquestra, de Bach, mas também nossos olhos e ouvidos se forraram à tortura da TV. Andando na ponta dos pés, ou descalços, levamos tropeções no escuro, mas sendo por amor de Pedro não tinha importância.
Objeto que visse em nossa mão, requisitava-o. Gosta de óculos alheios (e não os usa), relógios de pulso, copos, xícaras e vidros em geral, artigos de escritório, botões simples ou de punho. Não é colecionador; gosta das coisas para pegá-las, mirá-las e (é seu costume ou sua mania, que se há de fazer) pô-las na boca. Quem não o conhecer dirá que é péssimo costume, porém duvido que mantenha este juízo diante de Pedro, de seu sorriso sem malícia e de suas pupilas azuis – porque me esquecia de dizer que tem olhos azuis, cor que afasta qualquer suspeita ou acusação apressada sobre a razão íntima de seus atos.
Poderia acusá-lo de incontinência, porque não sabia distinguir entre os cômodos, e o que lhe ocorria fazer, fazia em qualquer parte? Zangar-me com ele porque destruiu a lâmpada do escritório? Não. Jamais me voltei para Pedro que ele não me sorrisse; tivesse eu um impulso de irritação, e me sentiria desarmado com a sua azul maneira de olhar-me. Eu sabia que essas coisas eram indiferentes à nossa amizade – e, até, que a nossa amizade lhes conferia caráter necessário, de prova; ou gratuito, de poesia e jogo.
Viajou meu amigo Pedro. Fico refletindo na falta que faz um amigo de um ano de idade a seu companheiro já vivido e puído. De repente o aeroporto ficou vazio.


Introdução sobre tipologia narrativa (1 aula)

Recapitular sobre tipologia textual, com ênfase na narrativa, a qual o gênero crônica pertence.
Fazer uma sondagem sobre o que os alunos já sabem sobre o assunto, tipologia narrativa, uma vez que, provavelmente, já foi trabalhado em anos anteriores. Recapitular os elementos de uma narrativa. Levantar questões ligadas à tipologia narrativa, como:

1 – O que é narrar?

2 – Quais os elementos de uma narrativa?

3 – Em relação aos verbos, 1ª, 2ª ou 3ª pessoa?

Procurar recapitular esse conhecimento de forma oral. Após a discussão e o entendimento dos alunos, propor que os façam por escrito uma explicação sobre o assunto.

Apresentação sobre o gênero crônica (1 aula)

            Apresentar para os alunos as características do gênero crônica. Deixar bem claro o que é uma crônica. Destacar que qualquer pessoa pode escrever uma crônica. Depois da discussão e da compreensão dos alunos, sugerir uma leitura individual marcando as palavras desconhecidas do texto e logo em seguida fazer as inferências.

Contextualização (1 aula)

            Contextualizar o texto com o cotidiano do aluno, com a possibilidade de trabalho em pequenos grupos. Promover discussão sobre o termo ‘Aeroporto’, e o conteúdo geral do texto. Depois dos comentários e discussões, juntamente com o grupo, interpretar o texto de forma oral. Se for conveniente, um filme para aprofundar o assunto. Sites e livros para pesquisa.

Leitura compartilhada (2 aula)

            Realizar a leitura compartilhada, antes de começar promover um momento de conscientização sobre a importância da leitura. Fazer as inferências necessárias.

Espaço para os alunos fazer comentários (1 aula)

            Promover uma discussão acerca do que entenderam sobre o assunto.

Produção textual (1 aula)

            Para finalizar solicitar uma produção do gênero crônica.



Atividade elaborada pela cursista: Ivanilda Aparecida Pereira

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